quarta-feira, 17 de novembro de 2010

TERTÚLIA NATIVA - Saudade de Raquel de Queiroz

Amigas e amigos,

      Se Raquel de Queiroz fosse vida, comemoraria hoje seu centenário. Por isso, dedicamos este espaço hoje a esta mulher brilhante, que se tornou a primeira imortal da ABL - Academia Brasileira de Letras.

      Sobre Raquel de Queiroz, encontramos na fonte global de resumos e críticas (http://pt.shvoong.com/) um breve resumo de uma vida intensa:
Raquel de Queiroz é considera uma das maiores escritoras brasileira de todos os tempos. Nasceu em Fortaleza em 17 de novembro de 1910 e morreu no Rio de Janeiro em 4 de novembro de 2003. Ficou notoriamente reconhecida já pela repercurssão de seu primeiro romance “O quinze”. Nesse livro conta a saga do povo nordestino para conviver com a miséria e a seca. Raquel de Queiroz foi a primeira mulher eleita para a Academia Brasileira de Letras, em 1977. Dentre sua diversa obra, que inclui peças de teatro , contos, crônicas e diversos romances destacou-se além de “O quinze” outro romance “Memorial de Maria Moura” que conta a saga de uma mulher cangaceira. Dentre suas obras estão: O quinze, romance (1930); João Miguel, romance (1932); Caminho de pedras, romance (1937); As Três Marias, romance (1939); A donzela e a moura torta, crônicas (1948); O galo de ouro, romance (folhetins na revista O Cruzeiro, 1950); Lampião, teatro (1953); A beata Maria do Egito, teatro (1958); Cem crônicas escolhidas (1958); O brasileiro perplexo, crônicas (1964); O caçador de tatu, crônicas (1967); O menino mágico, infanto-juvenil (1969); Dora, Doralina, romance (1975); As menininhas e outras crônicas (1976); O jogador de sinuca e mais historinhas (1980); Cafute e Pena-de-Prata, infanto-juvenil (1986); Memorial de Maria Moura, romance (1992) e Teatro, teatro (1995).
     Nessa homenagem de hoje, publico o belo poema dessa autora que, entendo, muito se identifica com a proposta deste Canto da Terra, conforme você pode conferir a seguir.  

TELHA DE VIDRO

Quando a moça da cidade chegou
Veio morar na fazenda, na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
Uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura de sua treva
E de sua única portinha...
A moça não disse nada,
Mas mandou buscar na cidade uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada sua camarinha sem claridade...
Agora, o quarto onde ela mora
É o quarto mais alegre da fazenda,
Tão claro que, ao meio dia,
Aparece uma renda de arabesco de sol
Nos ladrilhos vermelhos, que — coitados — tão velhos,
Só hoje é que conhecem a luz do dia...

A luz branca e fria também se mete
Às vezes pelo clarão da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa careteia
No espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!

Você me disse um dia
Que sua vida era toda escuridão cinzenta,
Fria, sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!

      Para combinar com a poesia de Raquel de Queiros, escolhi uma musica de Lauro Rodrigues, Oswaldo Carvalho e José Bernardes, gravada pelo grupo Os Montanari, em 1975: "Velha Tapera". Espero que tenham gostado da homenagem de hoje e, se gostaram, comentem (ou critiquem) abaixo.




E por aqui, encerramos nossa Tertúlia Nativa desta semana. Até a próxima!


Wilmar Machado.



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