segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ABRINDO A PORTEIRA - PRESIDÊNCIA NO ALTO, EDUCAÇÃO LÁ EMBAIXO

Amigas e Amigos!

          Hoje, estou Abrindo a Porteira para a colunista e diretora da sucursal do Rio de Janeiro da revista Época, Ruth de Aquino, que, em uma crônica sobre a utilização da expressão latina “sine qua non” pelo presidente Lula, escreveu (conforme disponível na página www.epoca.com.br):
Mesmo com um avanço no segundo mandato de Lula, não há como festejar o resultado brasileiro na última avaliação de estudantes de 15 anos em 65 países. São seis os níveis de conhecimento da pesquisa conhecida como Pisa, na sigla em inglês (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Em matemática, 69,1% dos alunos brasileiros não passaram do nível 1, o pior de todos. Em leitura, quase metade (49,6%) dos brasileiros também ficou no nível 1. O estudo é feito a cada três anos e envolve países da OCDE (desenvolvidos) e convidados. O Brasil ficou em 53º lugar, atrás de Bulgária, Romênia, Tailândia, México, Chile, Uruguai e Turquia, entre outros. [...] Na média, a nota do Brasil em leitura melhorou entre 2000 e 2009. Mas as porcentagens escondem uma crueldade: na prática, segundo o relatório oficial, quem melhorou foram os alunos ricos, que já eram bem avaliados dez anos atrás. Os outros continuam com muita dificuldade para ler, entender, discernir. Existe em nosso país uma inversão assustadora de valores. Quando o palhaço Tiririca recebeu a maior votação de um deputado federal, mesmo sem saber ler e escrever direito (ou talvez por causa disso), políticos demagogos se apressaram em apresentar projetos para permitir a candidatura de analfabetos no Brasil. Como se fosse preconceito impedir alguém que não sabe ler de ocupar uma cadeira no Congresso. É claro que cultura não rima necessariamente com honestidade, sabedoria e inteligência. Há os cultos que são ladrões e mal-educados. E os incultos que são honestos e educados. Mas o fato de um ex-torneiro mecânico ser o presidente mais popular da história do Brasil não pode tornar a falta de instrução uma qualidade. [...] Para Lula, hoje, “humilhação” é o avião presidencial precisar fazer escala em suas viagens internacionais. Deve ser constrangedor, não? Por isso, cinco anos depois de comprar um Airbus por US$ 57 milhões, o governo negocia a compra de outro Airbus por US$ 300 milhões. Nossos alunos de matemática podem tentar fazer uma conta simples: a diferença entre o Aerolula e o Aerodilma daria para construir quantas escolas e para alfabetizar quantos brasileiros em um ano?
          Você pode encontrar a crônica completa no endereço de Internet divulgado, mas penso que somente com os fragmentos que separei possamos ter uma idéia do quanto a educação é relegada a planos bem inferiores (houve tempo que seria suficiente dizer que estava em um segundo plano) pelos setores responsáveis em nosso país.

          A imagem de um presidente com pouca instrução, apresentada com verdadeiro ufanismo em determinadas “rodas culturais”, pouco contribui para melhorar a situação desalentadora dos nossos estudantes. Para um país que se orgulha de estar entre os oito primeiros “sei-que-lá” ou entre os dez maiores “também-não-me-interessa” ou, ainda, entre os cinco mais bem “qualquer-coisa”, ocupar o 53º lugar no Programa Internacional de Avaliação de Alunos deveria ser muito (mas muito mesmo) vergonhoso.

          Em vez de demonstrar qualquer preocupação com isso, o que se vê é o Ministro da Educação (mesmo com todos os “desastres administrativos” no Enem) em campanha para sua recondução ao cargo pela presidente eleita. Vê-se, também, que há uma grande preocupação com o avião presidencial que necessita de escalas em viagens internacionais. É como se notícias, pesquisas e constatações sobre as deficiências educacionais brasileiras fosse apenas notícias, pesquisas e constatações – que devem ser lidas e esquecidas. As grandes preocupações estão muito além dessas “picuinhas”, inventadas para distrair eleitor em "entressafra" de eleições.

          Para não "azedar" esse início de semana, vamos ouvir juntos o grupo Os Mirins, cantando "Tempos de Guri", de Leonir.




          E por aqui, com a Porteira do Canto da Terra aberta, deixo um grande abraço e até a próxima!

Wilmar Machado

          

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