segunda-feira, 25 de julho de 2011

ABRINDO A PORTEIRA - DEMOCRACIA E MENTIRA


Podem as instituições democráticas sobreviver à subversão
exercida do interior por especialistas hábeis na ciência e na arte
de explorar a sugestibilidade dos indivíduos e da multidão? 
(Aldous Huxley)



Amigas e Amigos,

               Estou abrindo a porteira para mais uma semana e partilho com vocês alguns trechos de uma matéria que pode ser encontrada, na íntegra, no portal do jornal O Estado de São Paulo (http://www.estadao.com.br). A reportagem aborda o posicionamento do ex-presidente em relação ao exercício – ou não – de conceitos democráticos no Partido dos Trabalhadores. O primeiro trecho que chamou minha atenção diz:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é contra a realização de prévias no PT para a escolha de candidatos às prefeituras, em 2012, e já trabalha para evitar a prática. Lula avalia que o modelo com voto dos filiados, tradicional no partido, deixa sequelas na disputa e mais atrapalha do que ajuda na atual temporada de costumes políticos pragmáticos. Em viagens pelo País, Lula já está articulando candidaturas e alianças com o PT. Em São Paulo, ele está disposto a bancar a candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à revelia do PT. Pouco afeito a gestões políticas, Haddad enfrenta resistências na seara petista. O empenho de Lula para varrer as prévias do mapa eleitoral não vale só para São Paulo. Ele combinou com a presidente Dilma Rousseff que cuidaria da montagem dos palanques nas principais capitais e enquadraria o PT.

               A prática democrática, aparentemente, dá lugar a conchavo. E a importância das bases? E o discurso de inclusão dos menos favorecidos (acredito que existam entre os filiados ao Partido)? E o que seria a “atual temporada de costumes políticos pragmáticos” (a única coisa que pensei aqui foi em algo do tipo “preparar a própria cama para futuros pleitos”)?

               Em outro trecho, a matéria diz ainda que:
Em São Paulo, Lula avalia que é preciso um nome novo na praça para enfrentar a "máquina" da Prefeitura, comandada por Gilberto Kassab (fundador do PSD), e também do governo, dirigido por Geraldo Alckmin (PSDB). Além disso, há o fator Gabriel Chalita, deputado que migrou do PSB para o PMDB e assusta os petistas. A senadora Marta Suplicy (PT-SP) está na frente nas pesquisas, postula a indicação do partido para concorrer à Prefeitura de São Paulo [...] O PT quer desbancar o PSDB, que ocupa há 16 anos o governo de São Paulo, mas está dividido. Até mesmo o grupo de Marta rachou e dois de seus ex-secretários - os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini - também são pré-candidatos à Prefeitura. Antes cotado, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não deve entrar no páreo. Mercadante foi o candidato do PT ao governo de São Paulo em 2010. Dificuldades. O quadro, porém, não é fácil para o PT nos maiores colégios eleitorais do País. Além de São Paulo, o partido está cindido(?) em Minas Gerais, não sabe que rumo seguir no Rio Grande do Sul e muito menos em Fortaleza, Recife e Curitiba.

               Para um partido que já foi tido como ético (até atingir o poder) e “guardião” da democracia, não deve ser muito fácil tolerar esses arroubos que dão idéia de serem motivados por interesses particulares onde a base é entendida apenas como “inocentes úteis” sem qualquer entendimento crítico, que devem “dançar conforme a música” da minoria dominante.

               Mas o que, em minha opinião, merece uma reflexão maior é o final da matéria, onde aparece que:
Para completar, o Supremo Tribunal Federal (STF) prevê o julgamento dos réus do mensalão - maior escândalo do governo Lula, revelado em 2005 - para o primeiro semestre de 2012. O PT teme que o escândalo de 2005 seja ressuscitado, dê munição aos adversários e contamine a disputa. Em conversas com petistas e com a própria presidente Dilma Rousseff, Lula também prometeu atuar para desmontar o que chama de "farsa" do mensalão. Até agora, porém, o ex-presidente não deixou claro quais serão suas ações e sua estratégia. Mesmo depois de deixar o Palácio do Planalto, o ex-presidente nunca disse quem o traiu. 

               As denúncias do mensalão foram amparadas em fotos, vídeos, gravações de voz e depoimentos com evidências que, não fosse a aversão brasileira (nossa) a boas práticas de gestão pública, poderiam – se confirmados em juízo – já ter colocado muita “gente boa” na cadeia e resgatado uma parte do dinheiro público desviado. Acho preocupante é definir tudo isso como uma “farsa” e deixar esse ato grotesco sem ser desmascarado por tanto tempo (2005 não foi ontem).



               Entre as questões para as quais não obtenho respostas, está essa de quem traiu, pois não consigo entender o que está sendo considerado como traição. Seria trair o ato de divulgar as fotos, os vídeos e as gravações? Ou seria trair denunciar alguns enriquecimentos extremamente rápidos ocorridos? Em qualquer das circunstâncias, isso não seria exatamente preservar o governo de certos personagens corruptos? Se a preocupação não fosse preservar – enquanto possível – os amigos, essas denúncias não poderiam ter ajudado na melhor gestão, como vem tentando fazer a atual presidente em relação à área de transportes?

               Os próximos meses, acredito, trarão algumas respostas. Outras, talvez não apareçam por se esconderem atrás de “alianças” eleitoreiras. Mas, aguardemos...

               A música escolhida para iniciar esta semana é  “Tudo Mentira” (sem qualquer alusão aos pronunciamentos acima), de Nhô Chico e Craveiro, com os irmãos (Sebastião Franco) Craveiro & Cravinho (João Franco), de Pederneiras-SP.


               Um grande abraço para todos!



Wilmar Machado

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