A raça que acredita nos chefes sempre me pareceu
a mais estúpida de entre todas as espécies humanas.
(Jean Guéhenno)
Amigas e Amigos,
Para começar essa conversa, reporto-me à página de Notícias, do portal UOL (http://noticias.uol.com.br), hoje, sobre a aprovação das contas do exercício 2010, do governo do Distrito Federal, que acumulou no período uma quantidade de governadores superior a média de treinadores de times que permanecem na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro por longo período.
A matéria pode até não estar tratando de uma maracutaia jurídica, mas parece muito com isso. É difícil, para mim, entender como podem ser contrariadas as recomendações do MP e do relator do TCU (que podem ser figuras apenas decorativas e pagas com dinheiro público, o que permitiria algumas explicações para a aprovação à revelia dos pareceres) quando é de conhecimento público a operação Caixa de Pandora, o mensalão do DEM e a corrupção no DF. Com tudo isso, a matéria do UOL diz que:
Apesar das recomendações contrárias do Ministério Público e do relator no Tribunal de Contas da União, Renato Rainha, o Tribunal de Contas do Distrito Federal aprovou as contas do ex-governador José Roberto Arruda no exercício de 2010. No ano passado, Arruda ficou no cargo por 42 dias. Renunciou ao restante do mandato depois de ter sido preso e expulso do DEM, acusado de participação em esquema de corrupção no DF. Os conselheiros não foram unânimes. Três votaram a favor da rejeição e três, contra. A presidente do TCDF, conselheira Marli Vinhadeli desempatou e decidiu favoravelmente a Arruda. O entendimento da maioria dos conselheiros foi o de que as contas de Arruda, Paulo Octávio, Wilson Lima e Rogério Rosso, todos governadores do DF em 2010, não poderiam ser julgadas separadamente porque fazem parte de um único exercício. Os ministros aprovaram, então, todo o exercício de 2010. As contas de Rogério Rosso, no entanto, tiveram ressalvas. Ele foi o último a assumir o GDF e ficou na chefia do Executivo até 31 de dezembro. [...] A Operação investigou irregularidades em contratos e contratações. Arruda aparece numa filmagem recebendo dinheiro do ex-secretário de Relações Institucionais do DF Durval Barbosa, delator do esquema. “No entender do Ministério Público, foi exigível que o titular do governo atuasse de forma efetiva e eficaz a partir do momento em que houve a deflagração da operação”, disse. “Medidas eram cabíveis de serem adotadas e não foi adotada nenhuma”, completou. O relator fez algumas recomendações. Entre elas estão a revisão do modelo institucional da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Empresa do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), Companhia de Planejamento (Codeplan) e da Sociedade de Transporte Coletivo de Brasília (TCB) e dar continuidade ao aprimoramento do sistema de controle interno.
Como nessa “briga de cachorro grande”, eu – que estou mais para cusco – quero é muita distância, vou comentar um pouco a música “Tristeza do Jeca”, escolhida para a Galeria Sertaneja de hoje, do compositor Angelino de Oliveira, que nasceu em Itaporanga-SP, no dia 21/4/1888, e morreu na capital de São Paulo, em 24/4/1964. O Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira (http://www.dicionariompb.com.br) – que faz referências a essa música como “Tristezas do Jeca” e “Tristeza do Jeca” – diz que o compositor e instrumentista Angelino:
Era filho único de modestos lavradores. Em 1894, seus pais mudaram-se para Botucatu. Autodidata, aprendeu a tocar vários instrumentos. Realizou curso de dentista prático em Ribeirão Preto. Retornou a Botucatu, onde abriu uma loja de instrumentos musicais. Foi chamado de "O Catulo de Botucatu", numa alusão ao poeta e compositor Catulo da Paixão Cearense. [...] Em 1918, apresentou, tocando violão, a primeira audição pública de seu maior sucesso e um dos maiores clássicos, não apenas da música sertaneja, mas da música popular brasileira: "Tristezas do jeca". Em 1924, a Orquestra Brasil-América gravou pela primeira vez de forma apenas orquestral, na Odeon, a toada "Tristezas do Jeca". Em 1926, também pela Odeon, Patrício Teixeira gravou com grande êxito a referida toada. Além dessas, diversas outras gravações da composição foram realizadas ao longo dos anos...
A letra desse grande sucesso, que hoje extrapola os limites da música sertaneja ou caipira para ser uma representante da música brasileira, está logo abaixo.
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TRISTEZA DO JECA
Angelino de Oliveira
Nestes versos tão singelos,
Minha bela, meu amor,
Pra você quero contar
O meu sofrer, a minha dor.
Eu sou como o sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está.
Eu sou como o sabiá
Quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está.
Nessa viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade.
Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira-chão
Todo cheio de buraco
Onde a lua faz clarão.
Quando chega a madrugada
Lá da mata a passarada
Principia um barulhão.
Quando chega a madrugada
Lá da mata a passarada
Principia um barulhão.
Nessa viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade.
Lá no mato tudo é triste
Desde o jeito de falar,
Pois o jeca quando canta
Dá vontade de chorar.
E o choro que vai caindo
Devagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar.
E o choro que vai caindo
Devagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar.
Nessa viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade.
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A interpretação de Tristeza do Jeca fica por conta de Almir Sater.
Um grande abraço e até a próxima!
Wilmar Machado
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