terça-feira, 16 de agosto de 2011

ORATÓRIO CAMPEIRO - ATÉ LOGO, TIO ARI!



A natureza do homem se recusa à solidão,
e parece sempre procurar um apoio:
e não o há mais doce que o coração de um terno amigo.
(Marcus Tullius Cícero)

Amigas e Amigos,

               Hoje, enquanto tento escrever, percebo as letras mais pesadas e a vista, já cansada, se mostra ainda mais embaralhada. Escrevo com o coração apertado, pois partiu lá para cima meu tio e padrinho de Batismo, Ari Ribeiro Barcellos, de cepa bajeense e aquerenciado em Pelotas desde há muito. Foi uma vida de mais de 80 anos, mas ele está naquele grupo de pessoas para os quais não existe muito tempo, mas muita saudade começando agora.



               Trabalhador dedicado e chefe responsável, e amigo, me permitem afirmar que o porto de Pelotas nunca mais foi o mesmo depois da aposentadoria do tio Ari, que, desde o dia em Deus chamou meu pai – também Wilmar Machado que sempre foi “seu Zé” para os amigos – se tornou minha maior referência como pai e avô. Os dois já devem ter se encontrado e imagino a festa no Céu para celebrar a continuação dessa grande amizade, interrompida aqui na terra desde que meu pai, muito cedo, foi morar lá no Reino eterno.

               A amizade fica na minha lembrança, desde meus tempos de guri, quando eles conversavam sobre futebol, falando dos clubes amadores – dada as suas diferenças nas equipes profissionais – aos quais estavam ligados – como líderes ou como simpatizantes – como o 99, o Fiateci ou a equipe da fábrica de bebidas Telma.

               Lembro da festa de meus 15 anos, que seria em um final de tarde, lá no início da Rua Álvaro Chaves, em uma casa com porão de quase um metro. Durante a festa o momento mais marcante foi a hora da foto com todos os amigos e familiares presentes – foto que não existe, pois no momento em que todos se concentraram em um lado da sala, o assoalho cedeu e o pessoal foi parar no porão. O assoalho não quebrou, o que fez o outro lado da sala se projetar em direção ao teto da casa – ainda bem que o pé direito de casarão tem grande dimensão – e fez uma cristaleira de meus pais, cheia de louças e copos, deslizar e transformar em cacos seu conteúdo. Fez, também, o fotógrafo ser projetado para cima e escorregar com sua máquina, fotografando o teto da casa. Apesar do susto, não tivemos vítimas. Mas com tudo isso, o que me lembro desse dia com mais carinho é de meu pai e meu tio, pela felicidade de meu aniversário, tomando vinho na hora do almoço e me permitindo experimentar a bebida. Experimentei, mas eles continuaram bebendo e foram dormir, só acordando quando os convidados já estavam chegando. A cena marcante foi propiciada pelos dois, que para não encontrarem os convidados antes de um banho recuperador, passando por uma janela que ficava a mais de dois metros do chão. E até nessa dificuldade, se divertiram juntos.

               Talvez pelo ambiente onde estejam agora conversando, lembrem o quanto suas vidas estão associadas às capelas nas comunidades onde residiram na região geográfica da Paróquia Santo Cura D'Ars, do Seminário São Francisco de Paula. Por sempre estarem focados no serviço, sem esperar qualquer reconhecimento, talvez não tenham idéia da saudade que essas comunidades sentem deles.             

               Não falei até aqui em morte ou falecimento, pois nenhum deles morreu. Eles fazem parte de um seleto grupo de pessoas que vivem para sempre na lembrança, no coração e na saudade dos amigos. Encontrei, em uma rede social, o depoimento das três netas do “seu Zé” – meu pai – sobre o tio Ari, onde fica claro como ele foi para elas o substituto perfeito para o avô que perderam muito cedo. Por isso, acredito que não cabe tristeza, mas a certeza de que Deus necessitou de mais um Santo entre seus Santos e não hesitou em chamar meu padrinho, que também intercederá por nós até que chegue o momento de nos encontrarmos.

               Como ontem foi a festa de Assunção da Virgem Maria, sobre a qual o portal das Paulinas, disponível em http://www.paulinas.org.br, diz  que “na Assunção da Virgem Maria, vemos a nossa esperança de ressurreição já realizada. Nela a Igreja atinge a plenitude do triunfo final, a vitória definitiva sobre a morte e o mal” e como Maria é mediadora de nossas vidas e de nossas aflições, a oração de hoje é dirigida a ela, pedindo sua intercessão, junto a seu Filho e a Deus Pai, pelo tio Ari e pelas almas de nossos amigos e familiares.

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ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DA ASSUNÇÃO

Ó dulcíssima soberana, rainha dos Anjos,

bem sabemos que, miseráveis pecadores,
não éramos dignos de vos possuir neste vale de lágrimas,
mas sabemos que a vossa grandeza
não vos faz esquecer a nossa miséria e,
no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir,
aumenta cada vez mais para conosco.
Do alto desse trono em que reinais
sobre todos os anjos e santos,
volvei para nós os vossos olhos misericordiosos;
vede a quantas tempestades e mil perigos
estaremos, sem cessar,
expostos até o fim de nossa vida.
Pelos merecimentos de vossa bendita morte,
obtende-nos o aumento da fé,
da confiança e da santa perseverança
na amizade de Deus, para que possamos, um dia,
ir beijar os vossos pés e unir as nossas vozes
às dos espíritos celestes,
para louvar e cantar as vossas glórias eternamente no céu.
Amém!


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               A música escolhida para acompanhar a oração neste Oratório Campeiro, "Ave Maria da Tarde", tem como autores Roque Joaquim Volkweiss, Antônio Carlos Volkweis e Marcelo Volkweiss. A interpretação é do gaúcho Wilson Paim.


               Um grande abraço e que a Paz de Cristo permaneça conosco!

Wilmar Machado  

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