A aparência vai tomando conta
até da vida privada das pessoas.
Não importa ter uma
existência nula, desde que se tenha uma aparência
de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados.
(Agustina Bessa-Luís)
Amigas e Amigos,
Ao iniciar mais uma semana,
encontro no portal Valor Online (http://www.valor.com.br)
uma notícia sobre pesquisa da Fecomércio, do Rio de Janeiro, em parceria com o
instituto de pesquisa Ipsos, divulgada hoje, onde mais da metade (52%) dos
brasileiros admite ter adquirido algum produto pirata (principalmente CDs e
DVDs) no corrente ano.
Segundo o Valor, pela primeira
vez o número de pessoas que admite a compra de algum produto pirata ultrapassa
o número dos que negam tal prática criminosa. Na matéria consta que:
Enquanto no ano passado 48% dos entrevistados disseram que compraram itens falsificados, em 2011 o percentual passou para 52%. Em números absolutos, 74,3 milhões de brasileiros teriam praticado o crime este ano, 6 milhões a mais do que em 2010. A pesquisa mostra ainda uma significativa adesão das classes A e B à prática, passando de 47% dos entrevistados em 2010 para 57% este ano. O avanço ocorre apesar de 82% deles acreditarem que a pirataria alimenta a sonegação de impostos e 75% acharem que prejudica o faturamento do comércio.
Considerando que a pesquisa é
sobre que admite e quem não admite a aquisição de produtos ilegais e entendendo
a dificuldade da maioria em admitir que cometeu um crime, imagino que o número
pode ser bem maior do que os mais de 74 milhões de brasileiros “criminosos”.
Considerei muito interessante o fato de 82% de um dos grupos entrevistados
admitir ter consciência da sonegação de impostos associada a esse tipo de “comércio”,
o que poderia ser objeto de argumentação de protesto contra os altos impostos
praticados neste país.
Apesar de 94% dos entrevistados
justificarem o ato pelo preço dos produtos ofertados (é a principal
justificativa para a realização da compra, seguida pela facilidade de encontrar
produtos), somente 40% acreditam que a utilização desse tipo de produto não
trará qualquer conseqüência negativa para suas vidas.
Se a desculpa de preço e
facilidade – apesar da possibilidade de “conseqüências negativas” – são
argumentos para a perpetração do delito, pode-se aferir que os escândalos
envolvendo nossa classe política estariam relacionados a idéia dos
representantes do povo bem representarem seus representados?
Refletindo sobre nós,
representados, e nossos representantes, e acreditando que, apesar dos indícios,
ainda veremos a corrupção ser eficazmente combatida, deixo hoje a música “A
mesma fuça”, de Telmo de Lima Freitas, interpretada pelo próprio Telmo.
Um grande abraço e uma boa semana
para todos nós!
Wilmar Machado
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