sexta-feira, 23 de setembro de 2011

GALERIA SERTANEJA - DIA MUNDIAL SEM CARRO



Todos estão rodeados de oportunidades.
Mas estas apenas existem quando são vistas.
E apenas serão vistas se as procurarmos.
(Edward de Bono)

Amigas e Amigos,
               Esse dia 22 de setembro marcou o Dia Mundial sem Carro. Segundo a Agência Brasil (http://agenciabrasil.ebc.com.br), para atender as recomendações para esta data, só no Brasil, pouco menos de 39 milhões de veículos – essa é a quantidade de carros de passeio que trafegam no país – ficariam dentro de garagens. Em matéria sobre a dificuldade de mobilidade e o transporte público, a citada Agência disse:
Passar um dia sem carro nas cidades brasileiras implica enfrentar pelo menos dois desafios: o transporte público, que não está preparado para atender à demanda com qualidade, e o planejamento nas cidades, que não privilegia a locomoção a pé ou de bicicleta. “As pessoas precisam se locomover. E do jeito que são planejadas, nossas cidades não oferecem condições para que as pessoas não precisem usar um meio não motorizado. O trabalho, os serviços públicos, as escolas e os locais de lazer estão longe da casa das pessoas”, avalia Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo, movimento que reúne mais de 600 organizações da sociedade civil. [...]  “Temos um grau de dependência do automóvel muito grande. Usar o serviço coletivo não é fácil, porque a qualidade não é boa. E também falta infraestrutura para o transporte não motorizado”, pondera o professor do programa de pós-graduação em transportes da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques. [...] Apesar dos desafios, a mudança para um modelo de mobilidade urbana mais sustentável – com menos carros nas ruas e mais investimentos em transporte público e meios alternativos de locomoção – será inevitável, segundo Grajew. “Não há muitas opções. A mudança vai acontecer pelo agravamento da situação nas cidades ou pela conscientização.” Para o professor da UnB, que troca o carro pela bicicleta sempre que possível, a sociedade tem que pressionar o Poder Público para a mudança de foco dos investimentos em transporte.
               Mas, nessas terras tupiniquins, onde quem deveria cuidar do transporte público faz de conta que está tudo bem, a população brasileira fez de conta que passou o dia sem carro, pois se isso fosse levado a sério, seria quase impossível sair de casa. Enquanto isso, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sinaliza que a melhoria no transporte público, com investimentos, pode ser uma saída para a busca de redução das emissões sob responsabilidade da frota brasileira. A Agência Brasil, ao destacar esse assunto, disse que:
No entanto, a tendência de redução de emissão de poluentes deverá sofrer uma inflexão nos próximos anos porque as tecnologias utilizadas para esse fim já atingiram um nível alto de eficiência e pelo inevitável aumento da frota e dos congestionamentos. “Daqui para a frente os ganhos serão menores”, segundo o Ipea.  O pesquisador do instituto, Carlos Henrique Carvalho, disse que o país precisa investir mais no transporte público e incentivar o uso de veículos não motorizados como as bicicletas. Em defesa do sistema público de transporte, o relatório aponta a vantagem dos meios coletivos em relação aos automóveis individuais e em relação às emissões de gases de efeito estufa. Mesmo que os ônibus emitam mais gases desse tipo que os automóveis, por utilizarem diesel, a quantidade de emissões é compensada pelo número de passageiros transportados. “Um usuário de automóvel, por exemplo, emite quase oito vezes mais CO2 (dióxido de carbono) que um usuário de ônibus e 36 vezes mais que um usuário de metrô”, compara o estudo. “O transporte coletivo urbano deve ser prioridade nos vários níveis de políticas públicas, de forma concomitante à restrição crescente à circulação de veículos automotores individuais e à ênfase em soluções urbanas que favoreçam a redução da necessidade de transporte motorizado e a prioridade de transporte não motorizado”, sugere.



               Como acredito que nem tudo está perdido, daqui a pouco o governo se sentirá sensibilizado pela necessidade de qualidade no transporte público como forma de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros. E saberemos que esse dia chegou quando nos for informado de que um projeto de uma “CPMF-Transporte Público” foi enviada para aprovação do Congresso.

               Enquanto sonhamos com melhores dias, a música da Galeria Sertaneja, hoje, é “Fazenda São Francisco”, uma toada de Jesus Belmiro ( Jesus Belmiro Mariano) e Paraíso (José Plínio Transferetti).  Primeiro, vamos conhecer a letra.

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FAZENDA SÃO FRANCISCO
                                                        Jesus Belmiro e Paraíso

Na fazenda São Francisco, na beira do rio da morte
Com outro caminhoneiro, traquejado no transporte.
Fui buscar uma vacada, para um criador do norte,
Na chegada eu pressentia que era um dia de sorte
Depois do embarque feito, só sobrou um boi de corte.

O mestiço era bravo, que até na sombra investia.
A filha do fazendeiro molhando os lábios dizia:
Eu nunca beijei ninguém, juro pela luz do dia,
Mas quem montar nesse boi e tirar a valentia
Ganha meu primeiro beijo, que eu darei com alegria.

Vendo a beleza da moça, meu sangue ferveu na veia,
Eu calcei um par de espora, e passei a mão na peia.
Peguei o mestiço a unha, rolei com ele na areia,
E enquanto ele esperneava, fui apertando a correia,
Mas quando eu sentei no lombo foi que eu vi a coisa feia.

O boi saltou a porteira, no primeiro corcoveado,
Numa ladeira de pedra, desceu pulando furtado,
Saia língua de fogo, cheirava a chifre queimado,
Quando os cascos do mestiço batiam no lajeado.
Parou berrando na espora ajoelhado, derrotado.

Prá cumprir sua promessa a moça veio ligeiro
E disse: você provou ser peão e boiadeiro
Dos prêmios que eu vou lhe dar, o beijo é o primeiro.
Sua boca foi se abrindo, seu olhar ficou morteiro,
Nessa hora eu acordei abraçando o travesseiro.

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               Essa música, em 1981, foi gravada pela dupla (Antônio Bernardes Paulino da Costa) Zico & Zeca (Domingos Paulino da Costa), irmãos dos integrantes da dupla Liu & Léu e primos de Vieira & Vierinha, em um LP que teve por título o próprio nome dessa música. Com a interpretação de Zico & Zeca, vamos ouvir a música.



               Um grande abraço e até a próxima.

Wilmar Machado

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