Muitos julgam cumprir
o seu dever pronunciando aforismos abstratos para uso alheio
em vez de pregar por
meio do exemplo.
(Henrik Ibsen)
Amigas e Amigos,
Vou abrindo a porteira para mais uma semana e fico com a
impressão de que a má gestão de dinheiro público é uma doença crônica em nosso
país. Ou, talvez, "levantamento de grana pública" seja mais um esporte olímpico.
Deparei-me, na página do portal UOL sobre as Olimpíadas de 2012
(http://olimpiadas.uol.com.br),
hoje, com uma nota sobre o pagamento de R$ 4,6 milhões feito pelo Ministério do
Esporte a uma estatal extinta em 2011. Salienta o portal que o ministério
confirmou essa informação dada pelo jornal “O Estado de São Paulo” e que o
contrato foi firmado na gestão de Orlando Silva. A informação publicada diz
que:
A entidade beneficiada é a Fundação Instituto de Administração (FIA), criada por professores da USP na década de 1980 e que hoje trabalha de forma independente. A empresa foi escolhida sem licitação para desenvolver estudos para “apoiar a modelagem de gestão da fase inicial de atividades da estatal”. A estatal em questão é a Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016, criada com o intuito de tocar projetos relacionados aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Ela foi criada em agosto de 2010, nunca chegou a ter sede ou empregados e já está em processo de extinção no Plano Nacional de Desestatização (PND). Depois de ser criada, a Brasil 2016 teve, segundo o jornal, apenas reuniões de seu conselho administrativo. O grupo era formado por funcionários de primeira linha do governo federal, entre eles a ministra do planejamento, Miriam Belchio,r e o próprio Orlando Silva. Em março de 2011, portanto seis meses depois da criação da estatal, a FIA recebeu a primeira parcela do pagamento de seus serviços. Em agosto, o Ministério do Planejamento decidiu extinguir a Brasil 2016 por entender que a Olimpíada do Rio já tem estrutura suficiente para a sua organização. Até esse momento, a consultoria havia recebido R$ 3,5 milhões em cinco parcelas. Depois da decisão pela extinção da estatal, a FIA ainda receberia mais cerca de R$ 1 milhão por conta de dois aditivos feitos ao contrato.
O atual ministro, Aldo Rebelo, disse estar analisando todos
os contratos e que essa iniciativa de “preparação de uma estatal” teria sido
uma iniciativa do governo, e não de seu ministério. Acredito que será muito
difícil que esse filho bastardo de “Dona Má-gestão” venha a conhecer seu pai,
principalmente depois do Ministério Público caracterizar esse contrato como “estranho
e atípico”.
Afirma um dito popular que “quem tem determinado tipo de
amigos, não necessita de inimigos” e parece-me que a atuação do PCdoB na pasta desportiva
confirma a afirmativa do chiste. Além da denúncia veiculada hoje, na última
semana – dia 24 de janeiro – a página de esportes do UOL (http://esporte.uol.com.br), informou que
R$ 2,4 milhões – repassados pelo Ministério do Esporte – haviam desaparecido da
conta de uma ONG de Juiz de Fora-MG, ligada o PCdoB, que deveria produzir materiais
esportivos. Na matéria, pode-se ler que:
Mais de um ano após o início do contrato, em 3 de dezembro de 2010, porém, a ONG, que recebeu 100% da verba (R$ 2,409.522,44 milhões), produziu apenas 10% do material, e encerrou a produção depois disso. O próprio Ministério do Esporte, de acordo com documentos internos a que o UOL teve acesso – já encaminhados à Polícia Federal –, reconhece os indícios de desvio de recursos públicos e favorecimento a pessoas ligadas ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) no uso das verbas cedidas à ONG. O partido comanda o Ministério do Esporte desde 2003. Atualmente, as atividades do Instituto Cidade estão paralisadas. A reportagem esteve em Juiz de Fora e encontrou uma fábrica de material esportiva vazia. Um funcionário informou que tinha dispensado os mais de 40 trabalhadores, já que não havia dinheiro para produzir qualquer material ou efetuar pagamentos. O ex-Secretário Nacional de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro, teve como cabo eleitoral em 2010 o presidente da ONG Instituto Cidade, José Augusto da Silva, acusado de desviar recursos do Ministério do Esporte. O UOL teve acesso à lista de pessoas que receberiam o benefício. 15 delas seriam filiadas ao PC do B. Apesar desses indícios de graves irregularidades, o convênio do ministério com o Instituto Cidade ainda não foi rescindido.
Conforme o Ministério do Esporte – informação também do UOL –
das 8.000 bolas encomendadas, nenhuma foi produzida; das 2.000 redes de futsal
e vôlei, apenas 400 foram entregues; de 60.500 camisetas, somente 26.000 foram
produzidas e dos 61.250 bonés encomendados, somente 4.900 ficaram prontos. A
informação traz, ainda, que bandeiras deveriam ter sido produzidas, mas nenhuma
foi entregue.
Somente
estas duas denúncias trazem números perto dos R$ 10 milhões surrupiados dos
cidadãos brasileiros. Se imaginarmos que desvios de dinheiro público, aqui no
país, são descobertos quase por acaso e podem representar um percentual ínfimo
do que efetivamente ocorre, podemos imaginar um Brasil com bem menos problemas
de educação, saúde e segurança do que o visto atualmente. Isso sem considerar
que a exorbitância paga pelos cidadãos em forma de impostos – em não raras
vezes pagos mais de uma vez para determinada movimentação de valores – poderia ser
bem mais racional se não considerasse, na hora do cálculo, o “desaparecimento”
de parte da arrecadação.
A pergunta que fica é: alguém acredita que após esses – e
alguns outros – casos de corrupção desvendados, alguma moedinha, de toda a
dinheirada abstraída dos cofres públicos, retornará ao seu devido lugar?
Sentados e bem acomodados, esperemos...
Para que a semana não comece muito “azeda”, a música de hoje
é “Fazenda São Francisco”, de Jesus Belmiro e Paraíso, na
interpretação de Zico & Zeca. Os integrantes da dupla Zico (Antônio
Bernardes Paulino da Costa) e Zeca (Domingos Paulino da Costa) são irmãos de Liu & Léu e primos de
Vieira & Vieirinha.
Um grande abraço e até a
próxima!
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