Aquilo a que chamamos o nosso desespero
é frequentemente a dolorosa avidez de uma esperança
insatisfeita.
(George Eliot)
Amigas e Amigos,
Na semana do Dia
Internacional da Mulher, abro a porteira para comentar as ondulações percebidas
no “mar de conchavos” que banha o planalto central do país. Talvez a presidente
já pense que está vivendo seu “inferno astral” extraordinário com data de fim marcada para o
próximo dia 8 de março.
Para ilustrar as confusões
reinantes na “corte brasileira”, o Estadão informou nesta segunda-feira que a
presidente viajou até São Bernardo do Campo para buscar um aconselhamento junto
ao ex-presidente Lula para condução dos problemas que cercam o cenário político
agravado pelo manifesto dos deputados peemedebistas – e outras siglas já
ameaçam o governo – que acusam o PT de arquitetar um complô eleitoral. Diz o
referido jornal que:
Em conversa de quase três horas, a presidente e seu padrinho político mostraram preocupação com o racha na base aliada do governo e com as dificuldades para agregar apoio em torno da candidatura de Fernando Haddad (PT) à sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD). Os adversários do PT acusam o partido de arquitetar um plano para se tornar praticamente hegemônico no cenário político brasileiro a partir das eleições deste ano. Dilma ficou furiosa com um manifesto subscrito por 45 dos 76 deputados federais do PMDB, com críticas ao PT e ao governo, e não escondeu a contrariedade ao se encontrar com seu antecessor. A viagem oficial da presidente à Alemanha neste fim de semana vem em boa hora, para dar uma pausa na base conflagrada. Dilma embarcará sob o peso do manifesto do PMDB, contrariada com as exigências do PR, com as defecções do PSB na votação do fundo de previdência do funcionalismo público, a debandada do PDT e a ousadia do discurso crítico do presidente da Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), dentro do Palácio do Planalto.
Ainda bem que a
presidente já está na Alemanha, preocupada com o dinheiro que está sendo “injetado”
na economia europeia para amenizar a crise e que pode provocar desequilíbrio na
economia brasileira. Uma possibilidade – bem viável – é que ela volte tão preocupada
quanto como foi, sem grandes novidades em relação aos pontos considerados
problemáticos antes de sua viajem. E por aqui, o “caldo tem engrossado”,
conforme outra matéria do mesmo jornal, dando conta que:
Além da crise originada pela disputa de grupos do PT pelo controle do Banco do Brasil e do fundo de pensão Previ, a presidente Dilma Rousseff tem de administrar, nos próximos dias, problemas por todos os lados. Alguns deles muito graves, como a insubordinação por parte de oficiais da reserva, que não reconhecem autoridade no ministro Celso Amorim (Defesa). O problema com os militares da reserva começou com a divulgação de um manifesto pelo Clube Militar com críticas às ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Proteção à Mulher) por declarações das duas sobre a Lei da Anistia. Dilma determinou a retirada do manifesto dos militares da página do Clube Militar na internet e a punição dos autores do documento. Mas eles não se intimidaram. O general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva concedeu entrevista publicada na sexta-feira pelo jornal O Globo na qual sugere que a presidente Dilma Rousseff seja convocada a prestar depoimento à Comissão da Verdade. Segundo ele, porque ela pertenceu ao grupo guerrilheiro VAR-Palmares, que seria o responsável pelo carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho.
Como “miséria pouca é
bobagem”, enquanto a presidente repensa o papel do PDT em seu governo, conforme
notícia do jornal Zero Hora, e negocia com PTB e PSC alternativa para o
Ministério do Trabalho que possa, ainda, tornar a base aliada mais forte. No último
dia 2, foi publicado na ZH que:
A presidente cansou do PDT — mas ainda assim precisa dele. O deputado gaúcho Vieira da Cunha, que até poucos dias era o favorito para assumir o Ministério do Trabalho, revelou-se outra decepção da presidente com o partido. Agora, quem ganha força para abocanhar a pasta é um consórcio envolvendo PTB e PSC. Na terça-feira, o PRB ganhou seu primeiro ministério, com Marcelo Crivella substituindo na Pesca o petista Luiz Sérgio. Assessores do Planalto confirmam que a intenção é convencer o candidato do PRB em São Paulo, Celso Russomano, a deixar a disputa em favor de Fernando Haddad (PT). Agora, PTB e PSC também se aproximam de cargos de grande relevância. [...] Ao barganhar com tanta gente, a meta mais óbvia da presidente é garantir uma base forte. Uma base tão larga que, mesmo com eventuais dissidências na hora de votar, garanta a aprovação de qualquer projeto no Congresso. Nesse ponto, o PDT é visto como o companheiro infiel: 22 dos 24 deputados presentes na terça-feira, no plenário da Câmara, votaram contra o fundo de previdência complementar dos servidores públicos — prioridade da presidente que acabou aprovada. [...] Discute-se a ideia de oferecer um ministério menor à legenda. Afinal, também há uma irritação crescente no PDT. Em represália à presidente, a sigla resolveu ingressar no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), no Estado de São Paulo, indicando o secretário do Trabalho. O deputado Paulinho da Força, que é pré-candidato do PDT na eleição municipal, já negocia apoiar o tucano José Serra em um eventual segundo turno.
Penso que o dia 8 de
março – Dia da Mulher – está muito próximo e o “rolo” governamental muito amplo
para qualquer novidade positiva antes dessa data. Com o crescimento das confusões
e toda a pouca habilidade que vem sendo apresentada pelos que poderiam resolver
– ou, pelo menos, minimizar – os problemas que proliferam em torno do Poder,
acredito que a situação é muito pior do que um simples “inferno astral” pois
não é vislumbrada qualquer perspectiva de renascimento e felicidade com todo o “barulho”
que, parece, está apenas começando.
Para combinar com o
sentimento que deve andar permeando os pensamentos dos ocupantes dos escalões mais
altos da Esplanada dos Ministérios, a música escolhida para hoje é “Desassossegos”,
de Vaine Darde e João Chagas Leite, na interpretação de João Chagas Leite.
Um grande abraço e até a próxima!
Nenhum comentário:
Postar um comentário