terça-feira, 19 de junho de 2012

ABRINDO A PORTEIRA – DESCASO COM A EDUCAÇÃO INFANTIL


A boa educação da juventude é a prenda mais segura da felicidade de um Estado.
(Axel Oxenstiern)





Amigas e Amigos,


Em uma semana que inicia com dúvidas sobre a redação do texto da Rio+20, pela falta de acordo entre os países participantes, e com o Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidindo que os grampos da PF no caso Cachoeira são legais, vou abrindo a porteira para uma matéria do portal UOL relacionada a “agilidade” dos nossos governantes quando o assunto é educação. Na página sobre Cotidiano do citado portal é destacado que a maioria das 40 escolas de Pernambuco, que foram destruídas pelas enchentes de 2010, ainda não foi reconstruída e os alunos, com todo esse descaso, chegam a participar de aulas debaixo do forte sol nordestino.



      Na reportagem do UOL, pode-se perceber a falta de preocupação de nosso país com a educação de nossas crianças. A imagem que fica disso tudo é a lembrança associada ao dissimulado pensamento coronelista de acreditar ser o ignorante mais útil como cidadão por ser mais fácil comutar seus votos por insignificantes agrados. Pelo excerto abaixo da referida matéria, é possível perceber a indiferença das autoridades com essa    sofrida população:
Dois anos após a tragédia, a maioria delas não teve sequer a obra iniciada, e, para não ficar sem aulas, os estudantes são obrigados a enfrentar um rotina de desafios, que inclui sol no rosto, bancas coladas umas às outras e barulho causado pela falta de divisão adequada das salas. Em duas das cidades visitadas pelo UOL, as obras das novas escolas não haviam sequer começado. Em Água Preta (132 km do Recife), onde mais da metade da população da zona urbana foi atingida pelo transbordamento do rio Una, três escolas foram totalmente destruídas em junho de 2010, prejudicando mais de 3.000 estudantes. Entre os prédios levados pela água estava a maior das escolas municipais, a Padre Francisco, que tem 2.700 alunos matriculados. [...] Atualmente o município tem cinco prédios de escolas em funcionamento, mas que não suportam a demanda dos alunos. [...] O UOL visitou o clube de Água Preta, onde estudam alunos da quinta à oitava série. No local foram improvisados tablados de madeira, que servem como divisórias das salas. Por não terem proteções laterais adequadas, o sol atinge diretamente os alunos de duas salas. [...] Outra parte dos alunos da escola está no antigo restaurante Cabana, que chegou a ser alagado durante a enchente de junho de 2010, mas foi reformado para abrigar provisoriamente as aulas. Com oito salas, o problema do local é o aperto. As bancas ficam praticamente umas coladas nas outras. Em Barreiros (108 km do Recife), que também foi devastada pela cheia em 2010, as escolas funcionam da mesma forma improvisada. A escola Luiz Bezerra de Melo está funcionando há quase dois anos em um galpão. No local, a acústica inadequada dificulta o aprendizado dos alunos.  [...] Sobre as escolas destruídas (oito estaduais e 32 municipais), a Seplag se limitou a dizer que elas “serão realocadas para outros terrenos e reconstruídas até outubro de 2013”. [...] Sobre os locais improvisados de aulas, a secretaria informou que eles foram escolhidos pelo município, "em conformidade com a comunidade". 

Dois anos já seria um tempo excessivo para esperar pela conclusão de uma obra de grande necessidade, mas deixar passar mais de dois anos sem qualquer iniciativa para reconstituir as escolas destruídas pelas cheias seria, em qualquer lugar que demonstrasse alguma preocupação com sua cultura, um caso de desrespeito para seus cidadãos. O portal Folha.com, do dia 24/03/2011, abordou o espanto provocando em boa parte do mundo pela agilidade de recuperação do Japão, onde uma estrada destruída por tremor  foi completamente recuperada em apenas 6 dias. Foi noticiado pelo portal que:
Após quase 10 mil mortos pelo tremor e tsunami que devastaram o país e causaram ainda um desastre nuclear na usina de Fukushima Nº1, o Japão demonstrou nesta quarta-feira uma capacidade notável de recuperação ao reparar em apenas seis dias uma cratera numa rodovia na cidade de Naka, na região de Ibaraki. As imagens mostram as condições em que a autoestrada Great Kanto ficou após a tragédia no dia 11 de março, e como foi entregue de volta à população na noite de ontem (23), destaca o jornal britânico "Daily Mail". As obras no local, que fica numa das regiões mais afetadas pela tragédia, começaram no dia 17 de março, e seis dias depois, na noite do dia 23, já haviam sido finalizadas.


       Em 6 dias - não meses ou anos - e um trecho de estrada completamente destruído estava recuperado no Japão. Por aqui, 2 anos após a enchente, não foi feito qualquer movimento para recuperação de escolas destruídas. O único movimento que se pode esperar é, com certeza, as vazias promessas que acompanharão as próximas eleições. Sem que nada aconteça após a efetivação de cada candidato, as escolas - como tantas obras fundamentalmente necessárias - serão novamente lembradas em futuras campanhas eleitorais.

A música escolhida para abrir a porteira nesta semana é "A mim me basta", de Lauri Lopes e Cristiano Vieira, com a interpretação de Aninha Pires.

 

Um grande abraço e até a próxima!

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