terça-feira, 30 de novembro de 2010

ABRINDO A PORTEIRA - Festival Manuel Padeiro

Amigas e Amigos!

        Estava lendo, nesta segunda-feira, o caderno de cultura do Diário Popular (http://www.diariopopular.com.br/), de Pelotas, e encontrei uma notícia que, ao tempo em que me deixou muito satisfeito, me trouxe uma dúvida. Antes de explicar o mixto de satisfação e dúvida, vamos a uma parte da matéria:

A 2ª edição do Festival Manuel Padeiro de Cinema e Animação tem início nesta quarta-feira (01) e promete movimentar o município, por meio da presença de cineastas oriundos de todos os cantos do Brasil, que participam das mostras Competitiva e Paralela. No período compreendido entre os dias 1º e 4 de dezembro, Pelotas estará respirando cinema. Segundo os organizadores do evento, uma extensa programação, tendo como pano de fundo as duas mostras, está sendo preparada com o objetivo de encantar o público que se fizer presente ao Parque da Baronesa, local da realização da Mostra Competitiva (avenida Domingos de Almeida, 1.490), Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, local de realização da Mostra Paralela (rua Gal. Osório, 725) e Instituto de Artes e Design da UFPel, local onde ocorrerão as coletivas com os diretores (rua Alberto Rosa esquina Conde de Porto Alegre, no Porto). Em caso de mau tempo, a Mostra Competitiva acontecerá nas dependências do auditório D. Antônio Záttera (rua Três de Maio, esquina Félix da Cunha), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), mesmo local já reservado para a cerimônia de premiação de todas as categorias do Festival.


        A satisfação é por ver a cidade de Pelotas buscando retomar a sua tradição de polo cultural brasileiro, como nos tempos das inúmeras salas de projeções espalhadas pelos bairros e dos teatros que tantas estréias abrigaram. A dúvida ficou por conta de minha completa falta de informação (ignorância?) sobre quem seria o Manuel Padeiro que dá título ao Festival.

        Fui, então, buscar mais informações sobre esse personagem. Encontrei um blog (http://sopapodopadeiro.blogspot.com/), que conta, em duas partes, um pouco das histórias do Quilombo  
Manuel Padeiro. Abaixo, alguns fragmentos do texto publicado no citado blog:
O quilombo de Manoel Padeiro teria sido formado no segundo semestre de 1834. Como vimos, em 10 de outubro a câmara registrava que "quilombolas" estariam cometendo "atentados na serra". Segundo o processo, Manoel Padeiro vivera fugido anteriormente na região em companhia da preta Marcelina, que morrera de morte natural e fora enterrada num dos diversos ranchos em que se refugiavam os quilombolas.
[...] Do grupo participavam Manoel Padeiro, general do quilombo; João, juiz de paz; Alexandre Moçambique, capitão; pai Mateus; Mariano Crioulo; Antônio Mulato; Antônio Cabinda ou Cabunda; pai Francisco, congo; Francisco Moçambique; Benedito Moçambique; João, cozinheiro e africano; e a mulata Rosa. O cativo Manoel, africano, também do comendador Barcellos, foi preso em uma estrada e teve sua morte pedida por Mariano e negada por Manoel Padeiro. A seguir, incorporou-se aos quilombolas. Não foi possível elucidar o sentido dos títulos juiz de paz e capitão. [...] Possivelmente em fins de abril, Mariano pediu licença a Manoel Padeiro para ir vender milho e comprar fumo e pólvora nas proximidades da vila de Pelotas. O general concedeu e permissão e enviou pai Francisco com o crioulo. A documentação sugere a fina razão da escolha. Depois de roubarem e ensacarem milho, os dois quilomboloas dirigiram-se, numa viagem de nove dias (ida e volta), a uma venda em Boa Vista, nas proximidades de Pelotas, de propriedade do africano liberto Simão Vergara, conhecido pelos quilombolas como pai Simão. [...] Com a revolução Farroupilha, as fugas de escravos multiplicaram-se. Os farroupilhas assaltavam as fazendas dos inimigos e libertavam os cativos que aceitassem lutar como soldados. Os soldados do Império faziam o mesmo nas propriedades farroupilhas. Nas duas fileiras, senhores convocados libertavam trabalhadores escravizados para que os substituíssem na frente da batalha. Um bom número de escravizados procurou um refúgio mais seguro do que as fileiras dos exércitos em luta. A fuga para os países vizinhos e o refúgio em quilombos atraíram um número incerto de escapados.
        Depois, fui até o site do Festival (http://www.festivalmanuelpadeiro.com.br/) e encontrei a explicação da homenagem prestada pelo festival de cinema e animação de Pelotas. Ao responder sobre quem fora Manuel Padeiro, a página do Festival destaca que:
Manuel Padeiro era escravo, oriundo da Costa do Ouro, África. Em Pelotas, liderou o movimento quilombola e tornou-se uma referência quando se fala em liberdade e igualdade racial. O Zumbi dos Pampas, agora, empresta seu nome a um outro processo de libertação. Um grito sem dor, sem chibata, sem saladeiros... Pois a arte não está aprisionada a monumentos... a arte pulsa, enquanto houver humanidade.
        Com toda essa liberdade proposta pelo 2º Festival Manuel Padeiro de Cinema e Animação, convido vocês a ouvirmos Antônio Gringo e os 4 Ventos, cantando Cativeiros, de autoria do próprio Antônio Gringo, prestando nossa homenagem a essa luta por ser livre.


        E por aqui, deixamos aberta a porteira e até a próxima segunda.

        Um grande abraço!

Wilmar Machado

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