quinta-feira, 14 de julho de 2011

GALERIA SERTANEJA - DE COMISSÃO E DE CHIMARRÃO


Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante,
mas aquele que a conhece e diz que é mentira,este é um criminoso.
(Bertold Brecht)


Amigas e Amigos,

               Inicio esta Galeria Sertaneja para apresentar, com surpresa, um texto publicado, hoje, na página de Notícias, do portal R7 (http://noticias.r7.com). Surpresa porque quando penso que presenciei todo tipo de devassidão institucional, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados apresenta “novidades” como a transcrita abaixo do referido portal:
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), suspendeu a tramitação do recurso da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), contra a aprovação do pedido de cassação do mandato da parlamentar. Ele pode rever a indicação do relator, deputado Vilson Covatti (PP-RS), que já apresentou seu voto pelo arquivamento do processo. Maia está analisando um questionamento levantado pelo PSOL, no qual o partido pede o impedimento de Covatti, por ele já ter votado a favor de Jaqueline no Conselho de Ética. O colegiado aprovou por 11 votos a 3 o pedido de cassação da deputada. Maia disse concordar com o PSOL de que Covatti não deveria ser o relator do caso na CCJ. [...] Ele disse que conversou com o presidente da CCJ, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), a quem cabe indicar o relator. Segundo Maia, João Paulo disse não saber que Covatti já tinha se manifestado sobre o caso no conselho. [...] O presidente da Câmara afirmou que está consultando a assessoria técnica da Casa para tomar uma decisão com base nas regras regimentais e não em sua posição pessoal. A decisão de Maia será tomada no início de agosto, quando o Congresso voltar do recesso parlamentar de julho.  Na quarta-feira (13), Covatti, cumprindo o esperado, apresentou um voto a favor de Jaqueline propondo o arquivamento do caso. Ela teve a cassação recomendada por ter aparecido em vídeo recebendo um pacote de dinheiro de Durval Barbosa, delator do mensalão do DEM. Em seu voto, Covatti defende o arquivamento do caso porque o fato é anterior ao mandato. Apesar de só ter sido publicado em março deste ano, o vídeo é de 2006. No Conselho de Ética, no entanto, o relator Carlos Sampaio (PSDB-SP) afirmou que o caso poderia ser apreciado porque a gravação só foi conhecida recentemente, após Jaqueline já ter sido eleita. Covatti, porém, argumenta que não cabe ao Conselho "substituir a vontade do eleitor".

               A indicação de um relator com o rabo preso voto aberto, favorável ao arquivamento do imbróglio apesar das evidências de embuste explícito, para após longo período de embromação buscar substituí-lo é muito próprio da ética particular dos integrantes do parlamento. Mais um tempo, e alguma outra forma de postergar uma punição para os fatos evidentes (não são testemunhas ou declarações, são filmes com um enredo de fazer corar criancinhas – ainda bem que elas não entendem, pois, caso contrário, necessitariam de acompanhamento psicológico durante o período de amadurecimento), para que a provável tentativa de esperar o esquecimento das falcatruas por todos seja coroada pelo êxito.

               Pior que o voto do relator, só o desperdício de voto de quem votou no relator. Parece estar dizendo que a ilustre colega roubou, mas foi antes, agora ela está “honesta”, pois foi eleita. Como se eleição equivalesse a cumprimento de pena em presídio. Será que a ética do parlamentar é algo do tipo: “enganou a todos e se elegeu, seus pecados estão perdoados e seja bem-vinda ao paraíso parlamentar”. O fecho de ouro do relator é não caber ao Conselho substituir a vontade do eleitor, ou seja, se está eleito é porque é “bonzinho”.

               Na expectativa de que o presidente da Câmara ainda consiga botar esse trem nos trilhos, apresento a música escolhida para hoje e publico a letra logo abaixo.



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MATES DE SAUDADE 

                                                  Leo Ribeiro de Souza e Albino Manique   

Nas horas largas nos meus mates de saudade  
Quando a cidade já acende seus luzeiros  
Vou relembrando na tristeza que me invade  
Os fins de tarde nos meus tempos de campeiro.  

Cantava junto com os ferreiros no pomar  
Só prá quebrar a quietude da campanha  
E agora tendo tanta gente ao meu redor  
É bem maior a solidão que me acompanha  

Goteja prantos lá no céu sobre esses ranchos  
Quando um carancho como eu foge do ninho  
E sorve mates nesta busca de si mesmo  
Ou vaga e esmo na procura de carinho  

As vezes boto minha roupa endomingada  
Nas madrugadas dos bailões de chão adentro  
Seguro as ânsias de voltar pro velho pago  
E tomo uns tragos prá esquecer o desalento  

Componho o mate e aproveito a mesma erva  
Que ainda conserva um gostinho lá de fora  
Um dia destes pego os cobres de reserva  
Boleio a perna em algum trem e vou me embora 


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               A interpretação de hoje fica por conta de Zezinho e o Grupo Floreio.


               Um grande abraço e até a próxima.

Wilmar Machado

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